Ana Lúcia Gonçalves

Ansiedade de separação na infância

O Transtorno de Ansiedade de Separação é uma excessiva expressão de medo e angústia quando a criança percebe uma real ou imaginária separação dela e de algum ente querido. A ansiedade expressada deve ser desproporcional ao esperado nível de desenvolvimento e idade dessa criança. A ansiedade causa impactos negativos significativos nas áreas do social e do funcionamento emocional, na vida familiar e na saúde física do indivíduo.

As crianças com Ansiedade de Separação podem ter muita dificuldade de permanecer em um quarto sozinhas, podem exibir um comportamento de aderência à pessoa de forte vínculo afetivo (normalmente a mãe), costumam “grudar em seus pais, não só fora do lar como até por toda a própria casa e sofrem muito diante da possibilidade de ficarem sozinhas. Já ouvi repetidamente “meu filho não me dá folga nem para eu ir ao banheiro!”.

Sintomas de ansiedade leve são relativamente comuns em crianças e adolescentes. Mas existe também a ansiedade patológica, descrita no Transtorno de Separação na Infância. As crianças com este transtorno experimentam um sofrimento excessivo quando estão em ambientes desconhecidos ou com pessoas fora de sua vinculação afetiva, bem como podem sofrer antecipadamente diante de um comentário de futura separação.

Nos consultórios de psicologia, uma boa avaliação costuma ser a chave para uma boa evolução do caso e a orientação aos pais faz parte do tratamento. A criança pode estar manifestando seus conflitos o se comportar de maneira diferente do esperado, sendo possível apresentar problemas na aprendizagem e até mesmo ter manifestações de ordem psicossomática, adoecendo fisicamente, visto que ela não está bem com suas emoções. Os transtornos ansiosos podem ser desgastantes para crianças e adolescentes e estressantes para as famílias, comprometendo o seu desenvolvimento e equilíbrio emocional. Desta forma, a criança deve ser cuidada o mais rápido possível, mas a participação dos pais também se faz necessária. Em alguns casos conseguimos bons resultados apenas com a orientação familiar e a criança pode ficar livre dos sintomas que limitam a sua vida e de seus pais.

Para o diagnóstico do Transtorno de Ansiedade de Separação há necessidade de que a ansiedade diante da separação ou perspectiva de separação da figura de mais contato afetivo seja exagerada, que a criança apresente algum sofrimento significativo ou algum prejuízo social, escolar ou de outra área importante de sua vida. Portanto, para o diagnóstico é importante que as crianças com ansiedade de separação tenham dificuldades em realizar suas atividades cotidianas normais, frequentar a escola, ficar na casa de amigos, ir a excursões e, até, manter hábitos de sono normais.

Ana Lúcia Gonçalves – psicóloga, pedagoga, psicopedagoga e acupunturista. Idealizadora e coordenadora do projeto “Psicólogos Brasileiros Online”. Artigo originalmente publicado na coluna “Sem Fronteiras” do jornal “Mulher”. Atualizado em julho de 2020.

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