Com o passar do tempo, muitas atividades que eram praticadas pelos nossos pais e avós estão sendo esquecidas. Na atualidade, as crianças, estão cada vez mais ligadas à tecnologia e muitos desconhecem algumas brincadeiras simples como, por exemplo, jogar bolinha de gude, pular amarelinha ou brincar com cinco pedrinhas, também, na versão saquinhos costurados a mão ou, ainda, brincar com um pião. Tempos atrás, grupos de crianças reuniam-se na calçada e passavam boa parte do tempo interagindo ao ar livre. Mas, agora a realidade é outra e está cada vez mais comum encontrar crianças que não conhecem essa forma de diversão, porque costumam passar boa parte do tempo trancadas em seus quartos super equipados e tecnológicos, em suas casas com muros altos ou apartamentos, sendo comum não conhecerem as crianças da vizinhança.
Lydia Hortélio, que estuda o brincar desde os anos 70, diz que “O lugar de brincar é a natureza; ela é o espaço de brincar por excelência. A casa da criança, território de sonho e encontro”. E acrescenta que “é preciso brincar e recuperar o exercício de ser criança”. Concordo plenamente com Lydia. É na natureza que podemos entrar em contato com nossos instintos e a criatividade é exacerbada.
Deve-se levar em conta que o brincar, para a criança, é muito mais do que puro divertimento; é também aprender a conviver com outras crianças, lidar com o estabelecimento de regras, expressar seus sentimentos, desenvolver a criatividade, elaborar acontecimentos importantes do seu dia-a-dia. Os jogos e brincadeiras em grupo têm, também, o objetivo de estimular habilidades interpessoais, fazer com que as crianças se confrontem, conheçam os seus limites e dos outros, respeitar combinações pré-estabelecidas e, também, a ajudar a criança a aprender a lidar com frustrações e a se emocionar com suas conquistas.
A interação dos pais com os filhos torna-se imprescindível ao desenvolvimento da autoestima destes. Dispor um tempo a eles é fundamental, pois é na qualidade deste tempo que os pais poderão demonstrar a importância que estes filhos têm para eles. E, feliz da criança que tiver adultos a seu redor que valorizem a importância de fazerem juntos atividades alegres, que curtam espaços abertos, os animais, os rios, as cachoeiras e o e sons das florestas. Feliz do adulto que tem a seu redor crianças que o ajudem a perceber que para brincar não se tem limite de idade.
Ana Lúcia Gonçalves – psicóloga, psicopedagoga, pedagoga e acupunturista. Idealizadora e coordenadora do projeto “Psicólogos Brasileiros Online”.