Ana Lúcia Gonçalves

Ana Lúcia Gonçalves

Práticas educativas

A forma como os pais criam seus filhos parece ter influências diretas ou indiretas em diferentes setores da vida dos filhos, como: comportamento, sentimentos, crenças e desempenho escolar. Diversos autores pesquisaram e compararam três diferentes estilos de criação: 1) estilo autoritário, 2) estilo permissivo e 3) estilo democrático (com autoridade).

Baseado em um dos capítulos da minha monografia, apresentada na conclusão do curso de especialização em psicopedagogia, intitulada “A influência da família na aprendizagem escolar da criança’, segue a diferença entre essas práticas educativas, de acordo com as pesquisas bibliográficas realizadas.

Pesquisadores sinalizam que pais autoritários tentam moldar, controlar ou julgar o comportamento e as atitudes dos filhos de acordo com um padrão estabelecido de conduta. Esse padrão normalmente é absoluto, inflexível e constitui algo que não deve ser desafiado. Ele se origina, com frequência, de um rígido sistema de crença moral ou religiosa. Esses pais valorizam a obediência à autoridade como uma virtude e fazem uso de medidas punitivas para “quebrar a vontade do filho”, caso desafie sua autoridade. Tentam manter o filho em “seu lugar”, que é muito inferior ao dos pais. Restringem a vontade do filho para ir e vir ou para tomar decisões por conta própria. Não estimulam a troca de ideias, acreditando que os filhos devam aceitar o que eles dizem sem questionar.

Os pais permissivos são aqueles que tentam se comportar de uma maneira não punitiva, acolhedora e afirmativa em relação aos impulsos, desejos e ações dos filhos. Consultam os filhos com relação às decisões e esclarecem as regras familiares e fazem poucas exigências no que se referem às responsabilidades domésticas. Colocam-se como um recurso à disposição dos filhos para quando precisarem. Permitem, tanto quanto possível, que os filhos ajam da maneira que quiserem, evitam exercer controle sobre eles e não os obrigam a se conformar com padrões ou expectativas externas. Tentam usar a razão e a persuasão e não fazem uso da força direta para conseguir que os filhos façam o que eles querem. Os pais permissivos são muito passivos diante da desobediência. Esses pais não fazem imposição de regras e nem estimulam a independência. Toleram uma grande dose de comportamento infantilizado por parte dos filhos. Existe uma tendência em serem confusos a respeito de seu papel como pais e podem ser coagidos ou manipulados pelos filhos. Não fazem exigências severas para que os filhos prestem atenção. Evitam o confronto aberto com eles, ignoram seu desafio e, quando são desobedecidos, tentam manter-se “gentis e pacientes”.

Pais democráticos (com autoridade) são descritos como aqueles que tentam dirigir – mas não controlar – as atividades dos filhos, de modo racional e razoável. Eles dão explicações para o que querem que os filhos façam, estimulam a troca de ideias e ouvem as objeções dos filhos quando eles se recusam a obedecer. Mas, se for preciso, terão a palavra final e exercerão firme controle quando necessário ou quando acharem que é pelo interesse do filho. Valorizam a independência e se orgulham pela capacidade dos filhos serem autossuficientes e tomarem suas próprias decisões. Todavia, também valorizam a autodisciplina e a capacidade dos filhos de se conformarem às normas sociais, quando preciso. Tentam assegurar-lhe um controle firme sem comprometer seus interesses individuais, autonomia e autoestima. São calorosos e afirmam a importância e a singularidade de seus filhos. Não são fiéis a nenhuma autoridade externa maior mas ao que parece ser melhor para o desenvolvimento emocional de suas crianças.

Vale ressaltar que dificilmente os pais sigam única e exclusivamente um único tipo de prática educativa. Essa classificação é feita levando em consideração como agem a maior parte do tempo.

Ana Lúcia Gonçalves – psicóloga, pedagoga, psicopedagoga e acupunturista. Idealizadora e coordenadora do projeto “Psicólogos Brasileiros Online”. Artigo originalmente publicado na coluna “No Divã” do jornal “Diário da Serra” em 03 de setembro de 2004. Atualizado em julho de 2020.

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