Ana Lúcia Gonçalves

Volta às aulas

Muito se fala na literatura sobre “apego seguro”, sendo essa definição bem clara: quanto mais segura a criança sente-se a respeito do amor de seus pais, tanto mais facilmente ela consegue separar-se deles por algum tempo, pois tem a certeza de que eles voltarão. Já as crianças muito agarradas aos pais e que fazem dramas em pequenas separações podem estar experimentando o que se chama “apego inseguro”, imaginando que os pais vão desaparecer para sempre a cada pequena separação. Uma dica para evitar isso é ser verdadeiro com seu filho, dizer tchau e não sair escondido e tentar dar a ele uma noção de tempo; quando a criança é muito pequena pode-se usar algumas referências como: volto logo depois do almoço, próximo ao horário de um determinado desenho, depois do horário do parque.

É comum encontrarmos crianças que necessitam de um período para a adaptação na escola, principalmente aquelas que estão indo pela primeira vez ou que estão passando por alguma mudança, seja de escola, de professor ou, ainda, no aspecto da vida pessoal. Mas é fundamental que os pais consigam passar segurança para seus filhos, visto que isto ajudará na adaptação da criança ao novo ambiente.

Casos mais graves, denominados de fobia escolar, são comumente causados pela ansiedade de separação e depressão. Nos casos mais severos é importante que seja feita alguma intervenção profissional, pois a criança pode sentir vergonha dos colegas e dificuldade com contatos sociais, causando prejuízos à autoestima e ao rendimento escolar.

Conhecer a escola e os professores antes do primeiro dia de aula facilita que algumas fantasias sejam desfeitas, levando-se em conta que estamos falando de escola e professores adequados. Infelizmente, ainda hoje, existem muitas inadequações no sistema de ensino. Portanto, enquanto pais, informem-se ao máximo sobre onde seus filhos estão matriculados e quem está “cuidando” deles. Assim como os pais, os professores podem facilitar ou prejudicar no processo de aprendizagem escolar da criança.

Finalizo com o pensamento de Brecht e com um questionamento: quanto você tem contribuído para que seu filho se torne uma pessoa segura, adaptável flexível?

“Do rio que tudo arrasta se diz violento, mas ninguém chama de violentas as margens que o aprisionam.” (Bertold Brecht).

Ana Lúcia Gonçalves – psicóloga, pedagoga, psicopedagoga e acupunturista. Idealizadora e coordenadora do projeto “Psicólogos Brasileiros Online”. Artigo originalmente publicado na coluna “No Divã” do jornal “Diário da Serra” em 28 de janeiro de 2005. Atualizado em julho de 2020.

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